quinta-feira, 26 de abril de 2012

Evangelho São Lucas - Cap. 23 e 24


Bíblia Sagrada
Novo Testamento
Evangelho Segundo São Lucas
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Capítulo 23
1 Levantou-se a sessão e conduziram Jesus diante de Pilatos, 2 e puseram-se a acusá-lo: Temos encontrado este homem excitando o povo à revolta, proibindo pagar imposto ao imperador e dizendo-se Messias e rei. 3 Pilatos perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Jesus respondeu: Sim. 4 Declarou Pilatos aos príncipes dos sacerdotes e ao povo: Eu não acho neste homem culpa alguma. 5 Mas eles insistiam fortemente: Ele revoluciona o povo ensinando por toda a Judéia, a começar da Galiléia até aqui. 6 A estas palavras, Pilatos perguntou se ele era galileu. 7 E, quando soube que era da jurisdição de Herodes, enviou-o a Herodes, pois justamente naqueles dias se achava em Jerusalém. 8 Herodes alegrou-se muito em ver Jesus, pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar dele muitas coisas, e esperava presenciar algum milagre operado por ele. 9 Dirigiu-lhe muitas perguntas, mas Jesus nada respondeu. 10 Ali estavam os príncipes dos sacerdotes e os escribas, acusando-o com violência. 11 Herodes, com a sua guarda, tratou-o com desprezo, escarneceu dele,
mandou revesti-lo de uma túnica branca e reenviou-o a Pilatos. 12 Naquele mesmo dia, Pilatos e Herodes fizeram as pazes, pois antes eram inimigos um do outro. 13 Pilatos convocou então os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo, e disse-lhes: 14 Apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas, interrogando-o eu diante de vós, não o achei culpado de nenhum dos
crimes de que o acusais. 15 Nem tampouco Herodes, pois no-lo devolveu. Portanto, ele nada fez que mereça a morte. 16 Por isso, soltá-lo-ei depois de o castigar. 17 [Acontecia que em cada festa ele era obrigado a soltar-lhes um preso.] 18 Todo o povo gritou a uma voz: À morte com este, e solta-nos Barrabás. 54 19 (Este homem fora lançado ao cárcere devido a uma revolta levantada na cidade, por causa de um homicídio.) 20 Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo, 21 mas eles vociferavam: Crucifica-o! Crucifica-o!
22 Pela terceira vez, Pilatos ainda interveio: Mas que mal fez ele, então? Não achei nele nada que mereça a morte; irei, portanto, castigá-lo e, depois, o soltarei. 23 Mas eles instavam, reclamando em altas vozes que fosse crucificado, e os seus clamores recrudesciam. 24 Pilatos pronunciou então a sentença que lhes satisfazia o desejo. 25 Soltou-lhes aquele que eles reclamavam e que havia sido lançado ao cárcere por causa do homicídio e da revolta, e entregou Jesus à vontade deles. 26 Enquanto o conduziam, detiveram um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para que a carregasse atrás de Jesus. 27 Seguia-o uma grande multidão de povo e de mulheres, que batiam no peito e o lamentavam. 28 Voltando-se para elas, Jesus disse: Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos. 29 Porque virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram! 30 Então dirão aos montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri-nos! 31 Porque, se eles fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco? 32 Eram conduzidos ao mesmo tempo dois malfeitores para serem mortos com Jesus. 33 Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda. 34 E Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Eles dividiram as suas vestes e as sortearam. 35 A multidão conservava-se lá e observava. Os príncipes dos sacerdotes escarneciam de Jesus, dizendo: Salvou a outros, que se salve a si próprio, se é o Cristo, o escolhido de Deus! 36 Do mesmo modo zombavam dele os soldados. Aproximavam-se dele, ofereciam-lhe vinagre e diziam: 37 Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo. 38 Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: Este é o rei dos judeus. 39 Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós! 40 Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? 41 Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum. 55 42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino! 43 Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso. 44 Era quase à hora sexta e em toda a terra houve trevas até a hora nona. 45 Escureceu-se o sol e o véu do templo rasgou-se pelo meio. 46 Jesus deu então um grande brado e disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, dizendo isso, expirou. 47 Vendo o centurião o que acontecia, deu glória a Deus e disse: Na verdade, este homem era um justo. 48 E toda a multidão dos que assistiam a este espetáculo e viam o que se passava, voltou batendo no peito. 49 Os amigos de Jesus, como também as mulheres que o tinham seguido desde a Galiléia, conservavam-se a certa distância, e observavam estas coisas. 50 Havia um homem, por nome José, membro do conselho, homem reto
e justo. 51 Ele não havia concordado com a decisão dos outros nem com os atos deles. Originário de Arimatéia, cidade da Judéia, esperava ele o Reino de Deus. 52 Foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus. 53 Ele o desceu da cruz, envolveu-o num pano de linho e colocou-o num sepulcro, escavado na rocha, onde ainda ninguém havia sido depositado. 54 Era o dia da Preparação e já ia principiar o sábado. 55 As mulheres, que tinham vindo com Jesus da Galiléia, acompanharam José. Elas viram o túmulo e o modo como o corpo de Jesus ali fora depositado. 56 Elas voltaram e prepararam aromas e bálsamos. No dia de sábado, observaram o preceito do repouso.

Capítulo 24
1 No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado. 2 Acharam a pedra removida longe da abertura do sepulcro. 3 Entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus. 4 Não sabiam elas o que pensar, quando apareceram em frente delas dois personagens com vestes resplandecentes. 5 Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? 56 6 Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia:
7 O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia.8 Então elas se lembraram das palavras de Jesus. 9 Voltando do sepulcro, contaram tudo isso aos Onze e a todos os demais. 10 Eram elas Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; as outras suas amigas relataram aos apóstolos a mesma coisa. 11 Mas essas notícias pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito. 12 Contudo, Pedro correu ao sepulcro; inclinando-se para olhar, viu só os panos de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa, admirado do que acontecera. 13 Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios. 14 Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado. 15 Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles. 16 Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram. 17 Perguntou-lhes, então: De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes? 18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias? 19 Perguntou-lhes ele: Que foi? Disseram: A respeito de Jesus de Nazaré... Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo. 20 Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21 Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam. 22 É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol; 23 e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo. 24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram. 25 Jesus lhes disse: Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas! 26 Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória? 27 E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava57 lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras. 28 Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante. 29 Mas eles forçaram-no a parar: Fica conosco, já é tarde e já declina o dia. Entrou então com eles. 30 Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o
pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. 31 Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram... mas ele desapareceu. 32 Diziam então um para o outro: Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? 33 Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam. 34 Todos diziam: O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão. 35 Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão. 36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: A paz esteja convosco! 37 Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito. 38 Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? 39 Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: Tendes aqui alguma coisa para comer? 42 Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado. 43 Ele tomou e comeu à vista deles. 44 Depois lhes disse: Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos. 45 Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo: 46 Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia. 47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
48 Vós sois as testemunhas de tudo isso. 49 Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto. 50 Depois os levou para Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. 51 Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi arrebatado ao céu. 52 Depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém com grande 58 júbilo. 53 E permaneciam no templo, louvando e bendizendo a Deus.

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